Por Danielle Miranda
Nenhuma criança autista é igual a outra, tão pouco carregam características físicas que as distinguem, muito embora há algumas particularidades que são específicas delas, como tratamos no post anterior, sempre abrangendo a comunicação, a interação e o comportamento.
Algumas não interagem, a ponto de parecer não reconhecer o nome quando chamadas, outras não conseguem olhar nos olhos das pessoas, ou até mesmo, em vez de pedir, podem levar as pessoas ao seu redor como forma de instrumento para algo que queiram, ou seja, como podem ver não são gênios ou dotadas como tratam alguns filmes. Afinal, muitos autistas podem nunca vir a falar…
Nossa! Ela não parece autista…
É muito comum ouvir algo parecido parecido. Gostaria de reforçar que o autismo não contempla características físicas, apenas àquelas voltadas ao comportamento e interação social, e muitas delas estão presentes na Manu, assim, pensei em compartilhá-las, com o intuito de disseminar a informação e quem sabe poder ajudar alguém com este intercâmbio.
Vale lembrar que as características podem apresentar algum comprometimento, em maior ou menor proporção, não há regra. Exatamente, por isso que hoje muitos médicos não classificam por graus, ou seja, autista leve, moderado ou severo. Todos estão dentro do Espectro Autista, pois um autista, a Manu, por exemplo, pode ter pouco comprometimento na interação (por apresentar um bom contato visual, demostrar um certo interesse pelo outro…) e apresentar um déficit maior na comunicação (muitos são não verbais), e podem apresentar outras manifestações no comportamento (como estereotipias, auto agressão, gritos…
Abaixo, algumas imagens das brincadeiras da Manu:
- empilhar objetos e separar por cores sem nenhuma finalidade aparente;
- interesse restrito por parte do brinquedo;
- o não saber brincar e a fixação por rodinhas;
- estereotipias (movimentos repetitivos), no caso da Manu, estereotipia motora, o andar constante na ponta dos pés
- olhar ausente (o não focar do olhar nas fotos)
Os autistas podem ser totalmente apáticos ou até mesmo hiperativos, apresentar uma tamanha inquietação, por não reconhecer o início, meio e fim de qualquer circunstância. Para muitos isso pode ser um fator angustiante e muitas vezes essa ansiedade pode desencadear crises de comportamento.
Não sabem lidar com a frustração e em geral passam a imagem de “mal educado”, quando na verdade, aquela cena que para seus olhos é apenas uma “birra”, pode ser uma grande carga sensorial e infelizmente, por não saber e não conseguir expressar-se de outra forma, acaba por vezes trazendo um certo constrangimento e um preconceito silencioso com os olhares.
Mas, como digo.. amar tudo, apesar de tudo.
Portanto, observem e se atentem a qualquer comportamento atípico, pode ser que não seja apenas uma característica pessoal. Não se engane, pois mesmo que ninguém engravide esperando um filho especial, isso pode ocorrer… e talvez lidar com essa realidade é a melhor maneira de ajudar quem tanto amamos.
Muitas vezes o imperfeito, o diferente é desprezado por muitas pessoas, sabe?… mas quão abstrato é o verdadeiro significado de perfeição. Afinal, tudo está nos olhos e no coração de quem vê..
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