Déficit de Atenção tem tratamento
O boletim da escola chega e as notas baixas predominam. A observação da professora é de que o estudante vive no mundo da lua.
Mais tarde, o adolescente deve ler os livros indicados para o vestibular. As obras literárias com centenas de páginas tornam-se martírio. O jovem simplesmente não consegue entender o conteúdo. Ao chegar à fase adulta, os compromissos são esquecidos e uma palestra torna-se difícil de ser acompanhada. Seja por ansiedade, estresse, falta de interesse na atividade ou preocupação, algumas vezes a capacidade de concentração fica enfraquecida.
Também pudera: concentrar-se é um processo complexo.
Para começar, a pessoa precisa sentir interesse pelo assunto, estar motivada e ter competência para compreender o tema. Ainda é preciso que o locutor tenha clareza e habilidade para transmitir a ideia. O ambiente também deve colaborar: nada pode desviar a atenção.
A complexidade está também nos caminhos percorridos no cérebro. Segundo o dr. Saul Cypel, neuropediatra do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e autor do livro A Criança com Déficit de Atenção e Hiperatividade (Lemos Editorial), o sistema de atenção tem estruturas localizadas em diversas partes do cérebro como, por exemplo, as regiões occipitais e parietais perceptuais, nas quais são percebidas as informações visual e auditiva respectivamente, para depois serem assimiladas nas regiões frontais cerebrais. “É um mecanismo complexo, no qual existem redes de comunicação que funcionam por meio dos neurotransmissores e permitem que a informação transite”, resume.
Ao longo da vida
Várias causas atingem a concentração das crianças. Desde uma tendência genética, associada à educação que recebeu em casa; a falta de limites, estabelecimento de regras e disciplina, favorece a agitação do pequeno em querer desenvolver diversas atividades ao mesmo tempo. Os pais, algumas vezes, percebem que o filho sofre com o problema, frustrando as expectativas por não fazer determinada atividade da forma esperada.
Especialistas alertam que não se deve esperar que um bebê desenvolva tarefas adequadas às idades mais avançadas, como assistir a um filme. Uma boa forma para saber se realmente há dificuldade é fazer brincadeiras para a faixa etária e ver como a criança se comporta, respeitando as limitações próprias de cada um.
Normalmente, os pais notam com mais frequência a dificuldade de concentração quando a criança está em idade escolar. Não só pelas notas, mas também pelas atitudes em classe, relatadas pela professora. “Ela tem a mesma capacidade ou até mais do que uma criança sem a dificuldade. Entretanto, seu rendimento compromete essa capacidade. Ela não consegue acompanhar a seqüência de informações, sendo que uma depende da outra; isso resulta em uma série de lacunas no aprendizado”, explica o dr. Abram Topczewski, neuropediatra do HIAE e autor do livro Hiperatividade: Como lidar? (Casa do Psicólogo).
Como identificar
O mais indicado a fazer quando há suspeita desse problema é procurar um médico bem preparado. Um profissional que entenda a questão e tenha uma visão ampla do assunto: psiquiatra ou neuropediatra, por exemplo. “O tratamento não adequado pode prejudicar o desenvolvimento da criança”, explica o dr. Abram.
Os tratamentos podem ser:
- Terapêuticos: dependendo do grau de dificuldade, o médico pode aconselhar medicamentos que ajudem o cérebro a processar essa concentração.
- De ajuste familiar: “deve-se mostrar e incentivar a organização e disciplina, ter acompanhamento escolar e ambiente adequado dentro de casa”, afirma a dra. Sônia Teresa Akopian, médica fisiatra do HIAE.
Hiperatividade
Basta a criança ser mais agitada e desobediente para receber o rótulo de hiperativa. De fato, o diagnóstico da doença se banalizou. O Déficit de Atenção e Hiperatividade existe e afeta mais meninos que meninas. Impulsividade e dificuldade de concentração são características dos pequenos. Eles mexem em tudo, correm para lá e para cá, querem toda a atenção. O diagnóstico é realizado por meio do atendimento clínico. Para tratar, deve-se procurar médicos especializados no assunto.
Para Sandra Valle, neuropsicóloga infantil do HIAE, a hiperatividade precisa ser tratada como um todo. Medicamentos devem ficar a critério do médico e estratégias para melhorar o comportamento são sempre bem-vindas. "Na escola, os professores podem fazer da hiperatividade e da agitação uma aliada, por exemplo, pedindo à criança queos auxiliem na organização dos materiais a serem utilizados, a buscar um livro na sala dos professores.
Deve-se estabelecer uma parceria com a criança e criar condições positivas deintegração ao grupo e ao contexto de aprendizagem, deixando claro as expectativas e, sempre que possível, ajudá-la a desenvolver recursos para resolver os problemas. Isso favorecerá enormemente a sua auto-estima e potencial de crescimento."
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