27 de agosto de 2015 por somosparatodos
Por Fabiana Ribeiro
Um evento de inclusão numa sinagoga. Isso é, no minimo, curioso. Quebradas as barreiras e mesmo os preconceitos, lá estavam judeus, em sua maioria naturalmente, com católicos, espíritas, budistas, evangélicos, ateus e o que mais de crença ou não crença aparecesse por ali. Todos juntos lotando um espaço de fé. Porque, sim, é preciso ter fé na nossa humanidade.
Mas o foco não era a religião. Então, por cerca de duas horas, mais de cem pessoas – professores, mediadores, gestores de escolas, pais de filhos com deficiência, pais, simplesmente, estudantes e demais interessados no assunto – se sentaram para refletir sobre a pergunta central do encontro: “Qual o lugar das diferenças no mundo de hoje?”. E muitas foram as respostas oferecidas.
Na roda de conversa, conduzida pelo Paratodos, o tema da invisibilidade da pessoa com deficiência foi imediatamente tocado por Rosana Kohl Bines. Com delicadeza, a professora da PUC recorreu à vida de Jorge Luis Borges e fechou com citações de Clarice Lispector.
Em seguida, foi a vez de Rafael Bronz, do Liessin, tratar da inclusão na escola recorrendo a teóricos como Zygmunt Bauman e Edgar Morin. Daniel Becker lembrou que somos todos imperfeitos, há deficiências mais e menos explícitas e certamente todos vamos lidar com nossas deficiências um dia. O pediatra falou ainda das expectativas, que não precisam ser baixas para pessoas com deficiência. Por fim, Thelma Polon, do Eliezer, disse que o caminho para se ter inclusão na escola perpassa pelo investimento. Em equipe, em profissionais que acreditam que a inclusão é um valor. No encontro, houve espaço também para alunos do grêmio do Eliezer se pronunciarem em defesa de uma educação menos conteudista e mais alinhada ao potencial de cada um, criticando fortemente a educação nos atuais moldes.
Ninguém saiu do evento com roteiros a seguir ou manuais a divulgar em suas vidas. Saímos com a certeza de que para incluir, seja lá em que campo for, é preciso, primeiramente, ter vontade. Em seguida, acreditar que é possível. E, tentar, e errar, e tentar novamente, e errar de novo, para, então, acertar.
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