terça-feira, 25 de agosto de 2015

8 fatos para entender o que é o autismo


Não é difícil se deparar com o emprego errado do termo ‘autismo’. Geralmente usado para designar uma pessoa que vive ‘só no mundinho dela’, demorou muitas décadas para que essa síndrome fosse levada a sério e motivasse pesquisas em todo o mundo no sentido de dar novas pistas clínicas e científicas.
Realmente o autismo ‘enaltece’ o intelectualismo, em detrimento da capacidade de se socializar com outra pessoa? Quais são as maiores dificuldades de um autista? É correto chamar alguém com autismo de ‘doente’?
Com o objetivo de responder algumas dúvidas básicas sobre este delicado assunto que elaboramos estes 8 fatos sobre o autismo que você precisa saber:
#1 Preconceito e primeiros diagnósticos
Antes da descoberta dos primeiros diagnósticos do autismo, por volta dos anos 1960,muitas crianças foram alvos de injustiças históricas. Em 1957, disseram que uma criança na Índia tinha “voltado da companhia de lobos por quatro anos e meio”. Décadas depois comprovou-se que ela se “interessava nas pessoas mais como objetos”. Nos anos 1970, o médico Ivar Lovaas desenvolveu uma terapia chamada Análise Aplicada de Comportamento, que consistia em dar choques corretivos e outros métodos violentos em quem fosse autista. Se a criança reagisse bem, ganhava uma colher de sorvete. Lovaas acreditava que “crianças autistas não são pessoas no senso psicológico” e denotava certo sadismo ao tratá-las: “é um prazer trabalhar com uma criança que está em leve privação de alimentos”.
#2 Não é doença
autismo não é uma doença; é uma condição do desenvolvimento neurológico que exibe padrões diferentes de comportamento e intelectualidade. Geralmente, o autista manifesta seus interesses de forma rígida e repetitiva: pode ser silencioso, distante e bloqueado ante algumas situações. Segundo Francesca Happé, presidente da Sociedade Internacional para Pesquisa em Autismo (INSAR), é difícil definir causas e tratamentos para o transtorno do espectro do autismo (TEA) porque “em vez de um gene para o autismo, há muito provavelmente centenas que, combinados de muitas maneiras, podem predispor uma criança a um TEA”.
#3 ‘Classificações’ do autismo
Antes de ser publicada a 5ª edição do Manual de Diagnóstico e de Estatística das Perturbações Mentais (DSM-V-TR), o autismo possuía quatro designações, como Síndrome de Kanner (ou ‘autismo clássico’), Síndrome de Asperger (com QI próximo de uma pessoa ‘comum’, mas com dificuldades de socializar), Perturbação de Rett (problemas intelectuais e sociais mais acentuados), Perturbação da Segunda Infância (em que os sintomas aparecem após os 4 anos) e Perturbação Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação, que engloba os tipos de autismo que diferem dos mencionados. Desde 2013, estas designações se mesclam cada vez mais. A cada publicação o DSM compreende novos avanços nas pesquisas sobre o autismo, portanto, é normal que as classificações mudem com o passar dos anos.
#4 Dificuldades
O autismo, por si só, não é o maior problema para as pessoas com TEA, ainda segundo Francesca Happé. Mesmo em pessoas que aparentemente têm manifestações ‘sutis’ de autismo, contratempos como epilepsia, deficiência mental, insônia, ansiedade e depressão são mais comuns. “As intervenções mais eficazes atualmente envolvem abordagens educacionais e comportamentais”, conclui.
#5 Crescimento do autismo ao longo dos anos
Uma pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA revelou que 1 em 68 pessoas podem ser autistas (2010). Se comparados com estimativas de décadas anteriores, parece que houve um ‘crescimento’: no final dos anos 1960, por exemplo, acreditava-se que 1 em cada 2.000 pessoas pudessem ter TEA. É um erro crasso achar que esse dado revela uma epidemia. As pesquisas sobre o autismo têm avançado e, por conseguinte, ‘englobado’ mais pessoas que a manifestam de diferentes formas. A Síndrome de Asperger, por exemplo, foi descoberta nos anos 1980, reconhecida nos anos 1990 e classificada, em 2013, como “forma branda de autismo”.
#6 Q.I. elevado
Personagens de filmes como Simon Lynch (“Código para o Inferno”, 1998) ou Oskar (“Tão Forte e Tão Perto”, 2011) demonstram inteligência acima do comum devido ao autismo. Segundo a neuropsicóloga Walkiria Boschetti isso é comum. "Muitos portadores da síndrome possuem, inclusive, QI acima dos índices normais. E o fato de terem habilidade verbal muito desenvolvida, com um vocabulário amplo, diversificado e rebuscado, reforça nos pais a ideia de que seus filhos são superdotados". No entanto, alguns autistas dedicam um ‘foco exagerado’ em assuntos específicos, como automóveis, aviões ou robôs. Por isso, médicos recomendam a “diversificação em seus focos de interesse”.
#7 Outras características do TEA
Além da tendência ao isolamento, uma das maiores dificuldades dos autistas é reconhecer emoções e a capacidade de interpretar o que outras pessoas estão pensando. Eles também costumam ser inflexíveis, já que obedecem regras criadas por eles próprios para agir diante de determinadas situações. A neurologista infantil Iara Brandão Pereira recomenda “estimular a criança, por meio de treinos, a reconhecer e compartilhar emoções e expressões faciais”, além de fazer com que o autista converse olhando nos olhos, já que muitos deles tendem a desviar o olhar.
#8 Empatia
Empatia é um dos maiores paradigmas quando se fala em autismo. Os pesquisadoresSimon Baron-Cohen e Sally Wheelwright descobriram que é possível chegar a um ‘quociente’, mostrando que, às vezes, a falta de proximidade com pessoas pode representar maior proximidade com animais ou outros objetos.

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