sábado, 24 de outubro de 2015

Síndrome de Asperger: o que fazer quando seu filho recebe o diagnóstico

Saiba o que é a Síndrome de Asperger, como lidar e quais os cuidados necessários para a criança diagnosticada.




De acordo com o escritor Roberto Amado, Messi apresenta sinais comuns aos portadores da Síndrome de Asperger (crédito: AP)
Por Carolina Ruiz

A infância é a fase em que os pais começam a observar os talentos e a personalidade de seus filhos. Muitas dessas características independem da atuação dos pais, e são absolutamente regidas pelos interesses que surgem espontaneamente em cada criança. É durante a primeira infância que podem surgir distúrbios como a Síndrome de Asperger, uma desordem neuro-biológica do espectro do Autismo, que afeta a capacidade de interação social da criança. Muitas vezes os sinais e sintomas da síndrome não são valorizados pelos pais e, por isso, é essencial que eles fiquem atentos aos comportamentos dos filhos para poder auxiliar o desenvolvimento pessoal e psicológico – uma vez que o diagnóstico é totalmente clínico, baseado na observação comportamental da criança. 

Sinais da síndrome

Os problemas de comunicação e os interesses específicos são alguns dos sinais aos quais os pais devem estar atentos durante o desenvolvimento do filho. As crianças podem desenvolver um domínio precoce da linguagem - chegando a falar como "pequenos adultos" - e ter dificuldade para compreender nuances de linguagem, como ironias, metáforas e sarcasmos. O apego por rotinas e o repúdio a estímulos sonoros e ao toque são outras das características comuns entre os pacientes com a síndrome. 

Segundo a fonoaudióloga Érica Del Giudice, a obsessão é uma das características mais comuns entre os portadores dessa doença e, com o estímulo adequado, os pacientes desenvolvem habilidades para uma, ou até várias, áreas de conhecimento - o que tornou a Síndrome de Asperger popularmente conhecida como uma "fábrica de gênios". "Esse talento deve ser, no entanto, lapidado para gerar feitos proporcionais ao seu potencial", aponta o neurologista Leandro Teles , que afirma que é normal esses pacientes apresentarem habilidades fantásticas em áreas específicas, como memória, cálculos, desenhos, músicas ou esportes. 

A criança na escola

Como o distúrbio pode se apresentar de maneiras variadas de caso a caso, os pais devem decidir em conjunto com uma equipe especializada como será feito o tratamento da criança, que envolve, entre outras coisas, a escolha da escola que ela vai frequentar. "É fundamental que ocorram algumas adaptações, como ter professores capacitados a lidar com crianças dentro do espectro autista, ajustes pedagógicos de reforço e motivação para áreas fora da zona de interesse, medidas preventivas educativas contra o bullying e o preconceito", aponta Leandro.

Para os especialistas, o importante é não buscar uma cura, e sim garantir a felicidade da criança. No tratamento, em geral, são envolvidos médicos, neuropsicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos. "O primeiro passo é procurar entender o seu filho. Aproxime-se do mundo dele e tente ver e sentir como ele sente. Com o tempo e a dedicação de todos ele ficará mais funcional a cada ano. Agora, ele sempre será único e diferente da média, pois o que o torna diferente está na sua essência", conclui Leandro.

Messi apresenta sinais da Síndrome de Asperger, que também é tema na série "Parenthood"
Recentemente, o jornalista e escritor Roberto Amado levantou a hipótese de que este possa ser o caso do jogador Lionel Messi, considerado o melhor jogador de futebol da atualidade. Segundo Roberto, Messi apresenta características bem comuns nos portadores da Síndrome de Asperger além da habilidade incrível com o esporte. "As principais características estão ligadas a variados graus de interação social e comunicação, principalmente com relação a comunicação não verbal, como olhar nos olhos ou expressão facial", explica o geneticista Cláudio Schmidt.

No seriado "Parenthood", toda a família Braverman é afetada quando o pequeno Max é diagnosticado com a síndrome. Segundo a fonoaudióloga Érica Del Giudice, esse "baque" é comum nos pais e na família da criança. "Mas após o período de 'luto', a batalha e a participação da família neste processo é de extrema importância, ajudando seu filho a transformar suas atividades obsessivas em paixões e, acima de tudo, colocar amor em todas as ações", explica.

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