quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Autismo é quase inteiramente ‘causado pela genética’.

Pesquisa realizada com 516 gêmeos apontou que constituição biológica é responsável por entre 74 e 98% dos casos


RIO - Uma nova pesquisa realizada pelo Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido sugeriu que o autismo é quase inteiramente de origem genética, com a constituição biológica sendo responsável por entre 74% e 98% dos casos. O estudo se concentrou em um total de 516 gêmeos e descobriu que as taxas de Transtorno do Espectro Autista (TEA) foram maiores em gêmeos idênticos que compartilham o mesmo DNA, apontando, portanto, que a condição pode ser mais hereditária do que se pensava.



Publicado na revista “JAMA Psychiatry”, o levantamento também mostrou que genes foram responsáveis por traços autistas e comportamentos da população em geral.
“Nossa principal descoberta foi a de que a hereditariedade do TEA foi alta. Esses resultados demonstram ainda a importância dos efeitos genéticos sobre a doença, apesar do aumento dramático na prevalência da doença nos últimos 20 anos”, observa a autora principal do estudo, Beata Tick, Instituto de Psiquiatria do Conselho .
A partir da análise de dados da base populacional do Estudo de Desenvolvimento de Gêmeos (Teds, na sigla em inglês), que abrange gêmeos criados na mesma casa, pelos mesmos pais, os pesquisadores avaliaram, no entanto, que não era possível excluir completamente a influência de fatores ambientais.
Já o professor e coautor do estudo, Patrick Bolton explicou que a comparação de gêmeos idênticos e não-idênticos é uma forma bem estabelecida de esclarecer o grau de influências genéticas e ambientais no autismo, principalmente com o aspecto inovador desse levantamento que foi a inclusão de gêmeos independentemente de terem tido um diagnóstico clínico.

“Isso nos permitiu obter uma imagem mais precisa de como as experiências ambientais de uma criança e sua composição genética são influentes no TEA, bem como em expressões mais sutis de habilidades e comportamentos autistas”, explicou.
A pesquisadora Francesca Happe afirmou, ainda, que as taxas mais elevadas de autismo nos últimos anos poderiam ser atribuídas a diagnósticos mais corretos. A desordem, um espectro de condições que varia muito de pessoa para pessoa, pode ter sido previamente classificada como uma dificuldade de aprendizagem, e não reconhecida como autismo, informou à “BBC”.
“Nossos resultados sugerem que fatores ambientais são menores, o que é importante, uma vez que alguns pais estão preocupados se fatores como alta poluição possa estar causando o autismo”, disse ela. “Algumas pessoas acham que pode haver um componente ambiental grande, porque o autismo tem se tornado mais comum nos últimos anos, mas o que aconteceu muito rápido para a genética para ser uma causa provável.”


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