São Paulo – O projeto Festa de Rei vai percorrer a periferia da capital paulista levando às crianças carentes brincadeiras tradicionais, como pega-pega, estátua, corrida de saco, brincadeira de roda, bumba meu boi e pião. O primeiro encontro foi na tarde deste domingo (28), num espaço do Centro de Convivência da Prefeitura do Parque Novo Mundo, na zona norte da cidade.
Segundo a organização, a região do Parque Novo Mundo está entre as de maior vulnerabilidade social da cidade. “Por ter sido criado na periferia, eu vi uma necessidade muito grande de cultura, de arte, de música de qualidade. Coisas boas parece que só estão no centro”, disse Juarez Ferreira Amorim, um dos coordenadores do projeto, envolvido com música e artes há 13 anos.
Juarez, que trabalhou durante oito meses no projeto, destacou que o encontro de hoje só foi possível por causa da arrecadação de recursos, feita pela internet, pelo chamado crowdfunding (financiamento coletivo). Dessa maneira, a coordenação do evento conseguiu arrecadar R$ 5,3 mil.
Além de brincadeiras antigas, as crianças ouviram histórias e participaram de oficinas de construção de brinquedos, entrega de livros, espetáculo circense, jogos culturais, apresentações musicais e de literatura de cordel e recitais de poesia.
Isabel Nascimento Silva, de 35 anos, levou os dois filhos ao evento. Ela conta que, quando criança, um dos brinquedos de que mais gostava era o pé-de-lata. Isabel elogiou o Roda de Rei. “Aqui, elas [crianças] não ficam no meio da rua, correndo risco de atropelamento. Estão brincando e se divertindo”, disse ela.
Entretido com a brincadeira da perna-de-pau, Jeferson Nascimento da Silva, de 13 anos, adorou a novidade. “Quero experimentar também a cama elástica.”
Maria Aparecida Lopes, de 52 anos, agente comunitária de saúde, foi conhecer a iniciativa com os cinco netos. “Na minha época, eu gostava mais de andar de perna-de-pau, mas agora não consigo mais. Não quero nem tentar, senão eu vou cair”, brincou. Maria Aparecida destacou a importância do resgate de brincadeiras do passado. “As crianças de hoje em dia ficam muito no computador, no videogame. E não tem nada criativo como isso aqui. Estávamos precisando disso. Há muitas crianças hoje se perdendo, e essas brincadeiras ficam esquecidas.”
A auxiliar administrtiva Michele Cristine Alves de Souza, de 28 anos, acompanhava de perto as brincadeiras dos dois filhos. “Na minha época, não tinha nada disso. Não tinha nem área de lazer onde eu morava, quanto mais esses brinquedos. Aqui, eles têm o lugar certo para brincar e com outras crianças.”
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