quarta-feira, 27 de maio de 2015

Artigo sobre as atividades lúdicas na educação

O SUPERVISOR EDUCACIONAL E AS ATIVIDADES LÚDICAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO EDUCANDO
Conceição Ferreira Leite 1


Resumo. O objetivo deste artigo é refletir sobre as atividades lúdicas na educação, pois o supervisor escolar acredita que elas são essenciais para a formação da criança tanto na função distrair como instruir, tornando mais eficaz o processo de aprendizagem. Na atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, o que dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido. Possibilita a quem a vivencia momento de encontro consigo mesmo e com o outro, momento de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momento de autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momento de vida. Cabe ao professor inserir o brincar em um projeto educativo, com objetivos claros e ter consciência da importância de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem.

Palavras chave: Atividade lúdica. Supervisor, professor. Brincadeiras. Aprendizagem.

Abstract. The goal of this article is to reflect on the activities in education, because the school supervisor believes that they are essential to the formation of the child both in distracting how to instruct, making more effective the learning process. In playful activity, what matters is not just the product of the activity, what it is, but the action itself, the moment lived. Enables those who experience the time of meeting with yourself and with others, moment of fantasy and reality, of ressignification and perception, moment of self-knowledge and knowledge of each other, take care of yourself and look the other way, the moment of life. It is up to the teacher to enter the play in an educational project with clear objectives and have an awareness of the importance of his action in relation to the development and learning.

Keywords: Playful Activity. Supervisor, teacher. Pranks. Learning.


1 . INTRODUÇÃO

Através de estudo bibliográfico e das observações em salas de aula, no cotidiano escolar, construiu-se este artigo cujo objetivo foi refletir sobre as atividades lúdicas na educação, pois o supervisor escolar acredita que elas são essenciais para a formação da criança tanto para distrair como para instruir, tornando mais eficaz o processo de aprendizagem. A supervisão escolar constatou que nas suas práticas diárias, muitos são os professores que não privilegiam o lúdico, a brincadeira, o jogo, deixando que suas aulas tornem-se essencialmente teóricas e pautadas nos livros didáticos. A brincadeira acontece, mas em alguns momentos isolados, não permitindo que se acompanhe a influência do lúdico no desenvolvimento e na aprendizagem. O essencial é não esquecer que as crianças demonstram naturalmente através dos jogos e brincadeiras suas emoções e desenvolvem brincando suas habilidades de maneira geral
Diante de novos desafios e das dificuldades que surgem no cotidiano da aprendizagem, o supervisor escolar busca superar seus limites de forma desafiadora e criativa, procurando orientar os professores em desenvolver junto aos seus alunos uma maneira mais prazerosa de ensinar, mas nem sempre encontra respaldo para desenvolver um bom trabalho, há muito a ser feito para melhorar o ensino apesar das conquistas, ainda existe entre os educadores 9direção, supervisão, orientação e professores, que a brincadeira pode ocasionar confusão e atrapalhar o seu desenvolvimento diante do processo ensino aprendizagem, mas diante de todas as teorias e insinuações percebe-se que tudo isso é ilusório, pois o brincar alem de tornar o aprendizado mais prazeroso é capaz de proporcionar aos educandos formas de aprendizado muito mais eficaz e duradouro.
É preciso acreditar no fazer diferente. É possível olhar o mundo de forma mais alegre e abrangente. As brincadeiras podem ser a saída para dar-se conta do ato de aprender e transformar a informação em conhecimento, favorecendo o pensar humano e sua expressão.
Inovar e dar devida importância ao brincar, fugindo da regra tradicional de ensinar onde as crianças ficam em sala de aula de olhos fixos no quadro de giz como expectadores sem desenvolver seu potencial tirando- lhe o direito de desabrochar para o mundo. O ideal é conhecer o mundo através das atividades lúdicas onde tudo é mais colorido e mágico.
Neste contexto, a supervisão acredita ser necessário abordar alguns temas defendidos por alguns autores que irão ajudar a compreender melhor a importância do jogo e do brincar na educação infantil, e assim compreender o porquê do lúdico no aprendizado, contemplado pelos educadores contribuindo assim na aprendizagem das crianças.
A recreação escolar engloba atividades lúdicas de cunho divertido e prazeroso, possibilitando o desenvolvimento de fatores como a socialização, colaboração, vivências corporais e emocionais para as crianças, além de aprimorar suas competências habilidades.
A recreação escolar poderia então ser definida como as atividades e brincadeiras desenvolvidas dentro de um ambiente escolar, mediadas por professores ou recreacionistas, tendo como objetivo a expressão humana com aprazer e alegria e o desenvolvimento de habilidades motoras e efetivas.
Através de brincadeiras as crianças fazem descobertas interessantes, melhoram seu desenvolvimento em todos os sentidos, porém nem sempre as brincadeiras são vistas como facilitadoras do aprendizado em nossas escolas e quando se utilizam não se dá o devido valor á tais atividades, comprometendo o desenvolvimento da aprendizagem.
Pode-se dizer também que mesmo sem intenção de aprender, quem brinca aprende, e através da brincadeira são feitas novas descobertas melhorando a socialização.
O jogo e a brincadeira infantil são formas da criança manejar experiências, criar situações para dominar a realidade e experimentá-la.
Na visão da supervisão, a efetiva brincadeira infelizmente está ausente na maior parte das classes de educação infantil dificultando a aprendizagem.
Este trabalho foi realizado a luz da pesquisa bibliográfica, com autores conhecedores do assunto e discorreu-se brevemente sobre o do papel do supervisor escolar no trabalho com os jogos e brincadeiras, que contribuem para a formação dos educandos. Partindo deste conhecimento iniciou-se o texto sobre Atividade lúdica, uma ferramenta para a aprendizagem.

2.Atividade lúdica, uma ferramenta para a aprendizagem

O jogo é, sem dúvida, a atividade mais importante na Educação. Essa palavra sempre causou muita discussão quanto à sua definição e à ação prática e até hoje suscita livros e escritos, buscando-se uma definição que abranja toda a diversidade contida no ato de jogar. (CUNHA, 1998, p. 12)
Na educação, estas discussões sempre estiveram ligadas às atividades lúdicas, fundamentais na formação dos jovens e crianças e verdadeiras facilitadoras dos relacionamentos e das vivências dentro da sala de aula. Atividades lúdicas são aquelas que promovem a imaginação e, principalmente as transformações do sujeito em relação ao seu objeto de aprendizagem. O caráter de integração e interação contido nas atividades lúdicas fez com que a Educação Infantil e o Ensino Fundamental utilizassem constantemente estas atividades para integrar o conhecimento com uma ação prática dos nossos alunos. (FORTUNA, 2003, p. 47)
Desde os primeiros anos de vida, os jogos as brincadeiras são nossos mediadores na relação com as coisas do mundo. Do chocalho ao videogame, aprendemos a nos relacionar com o mundo por meio dos jogos e brincadeiras. Por esse motivo, o jogo tem um papel de destaque na educação infantil, pois é a base do desenvolvimento cognitivo e afetivo do ser humano. O jogo possui aspectos fundamentais para a aprendizagem racional e emocional. (CUNHA, 1998, p. 41)
Percebe-se que para a maioria dos autores embasados neste estudo o lúdico destaca como uma forma de aprendizado, na construção do conhecimento. Com tanto embasamento sobre este assunto conclui-se que o jogo é de fundamental importância tanto para a alfabetização, quanto para o conhecimento pedagógico.

Existem muitas teorias sobre o jogo. Acreditamos que ele seja tão antigo quanto as criaturas do planeta, pois os animais já brincavam entre si, fomentando o lúdico como fator de vínculo e afeto. O homem primitivo já possuía seus jogos e brincadeiras, o que reitera o lúdico como algo essencial e elementar para o ser humano. (SANTOS, 1998, p. 45)

O desafio do educador da atualidade é tornar a aprendizagem em atividades lúdicas e prazerosas, em brincadeiras criativas e divertidas, inserido em todas as áreas do conhecimento, buscando eliminar as dificuldades que as crianças apresentarem logo na chegada á escola. Quando os educadores admitem que brincar é aprender, não é só no sentido amplo, em plena conexão com o próprio desenvolvimento e sim como resultados do ensino dirigido em que tudo acontece menos brincar. (FORTUNA, 2003, p. 46)
Buscar trabalhar com cuidado, desenvolver cada disciplina de maneira progressiva e espontânea e assim descobrir novos horizontes e um mundo cheio de potencialidade e amor.
Quando brinca a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui. (PIAGET, 1976, p. 97)
Sabe-se que Piaget aborda e valoriza, em suas fases de desenvolvimento da inteligência na criança, os tipos de jogos mais adequados para cada uma dessas fases. E isto é verdadeiro: o jogo é diferente para cada idade, cultura e meio, para as verdades de cada comunidade.
Na educação infantil encontra-se um ambiente propício para desenvolver um excelente trabalho em sala de aula por mais simples que seja seu arranjo espacial, a atividade lúdica favorece e enriquece a aprendizagem.

[...] no brinquedo existe necessariamente participação e engajamento, o brinquedo é certamente uma forma de desenvolver a capacidade engajar -se, de manter-se ativo e participante. A criança que brinca bastante será um adulto trabalhador. A criança que sempre participou de jogos e brincadeiras grupais saberá trabalhar em grupo; por ter aprendido a aceitar as regras do jogo, saberá também respeitar as normas grupais e sociais. É brincando bastante que a criança vai aprendendo a ser um adulto consciente, capaz de participar e engajar-se na vida de sua comunidade. (CUNHA, 1998, p. 42)

Para desenvolver um bom trabalho, o supervisor educacional em parceria com o educador precisa buscar interagir com a sua comunidade e com mundo, acompanhar a evolução social e cultural, utilizar todo o mecanismo disponível para ensinar e aprender, transformando o ambiente escolar em lugar aconchegante e encantador, onde o imaginário esteja presente, onde se pode inserir a teoria com à pratica, tendo como ponto de partida a teoria do livro “Na vida dez na escola zero”, pois a educação precisa muito desta inserção, levando em consideração que o educando no cotidiano tem facilidade na aplicação da matemática com sua vivencia, mas na escola este conhecimento fica bem diferenciado, cabe ao supervisor educacional, buscar mecanismos inovadores que possam contribuir com o educador em sua pratica pedagógica, unindo de maneira lúdica a teoria com a pratica.
Quando brinca a criança assimila o mundo á sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui” (PIAGET, 1976, p.97).
Em sua abordagem Piaget valoriza o desenvolvimento da inteligência na criança em fases. Devem ser utilizados, os jogos e brincadeiras conforme a faixa etária e também com á comunidade e realidade cultural local.
A importância do brincar na educação infantil influencia o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor da criança, mas infelizmente nem sempre a escola disponibiliza para seus educadores condições praticas que possa ajudá-los a conquistar a prática pedagógica e respeita o direito do brincar e aprender com prazer e criatividade, tornando o ato de aprender em tarefa rotineira, prazerosa sem dar a menor perspectiva para essas crianças.

Recordo-me, com saudade, dos tempos de escola. Lembro com que ansiedade aguardávamos pelo recreio. Naqueles poucos minutos podíamos ser crianças. Brincávamos jogávamos, tínhamos lazer, tínhamos prazer.
Quando voltávamos para a aula, deixávamos do lado de fora da sala toda nossa vivacidade, alegria e descontração, pois aula era coisa séria. Por isso não se concebiam brincadeiras ou jogos na sala de aula, espaço reservado a atividades caracterizadas pela seriedade. (SANTOS, 1998, p. 52)

Neste contexto o brincar surge de forma desafiadora, envolvendo todo o trabalho do supervisor educacional e do educador (em equipe), de forma solidária, prazerosa, valorizando cooperativismo e a ecologia, descobrindo potenciais ocultos e transformando vidas, através do lúdico.
Diante de tantas potencialidades se torna inevitável a importância do brincar no sistema de aprendizagem, que contribui principalmente no que diz respeito á autonomia e a identidade, vista que a escola visa formar cidadãos conscientes e solidários,capazes de aprender através do brincar, pois só assim ele pode conseguir assimilar bem o conteúdo proposto e ter melhor aprendizado. Oferecer uma educação de qualidade, dinâmica, moderna, inovadora, com o objetivo de buscar resgatar a auto-estima e valores esquecidos, preparar crianças, jovens e adultos para um futuro digno e solidário.
Trabalhando com o lúdico o professor é capas de criar o imaginário na criança, principalmente na leitura e na escrita levando-o a ampliar o seu conhecimento e possibilitando um aprendizado eficaz é capaz de transmitir aos educandos formas prazerosas de aprender, pois quando brincamos e ensinamos ao mesmo tempo criamos um mundo imaginário e ao mesmo tempo real, capaz de aprofundar o conhecimento da criança e ampliando sua imaginação, além de construir um processo ensino aprendizado capaz de levar os educandos a estudar por vontade própria e não por obrigação.
Existe teoria que o brincar se faz presente na vida do ser humano e dos animais desde a pré-história, homens e animais brincavam entre si e através do lúdico formavam vínculos afetivos. O lúdico tem um papel essencial na evolução do ser humano.
Vygotsky, mesmo não tendo se dedicado inteiramente aos estudos sobre o desenvolvimento infantil, sua contribuição foi de suma importância para educação infantil. Em sua afirmação os fatores biológicos predominam- se sobre os fatores sociais no início do desenvolvimento humano. E sucessivamente, integram ao social tornando-se fundamental para o desenvolvimento do pensamento. A criança é introduzida no mundo adulto pelo jogo e sua imaginação estimulada por meio dos jogos pode contribuir para expansão de habilidades conceituais. (VYGOSTSKY, 1998, p. 43)
O brincar deve estar presente em toda vida, através das atividades lúdicas desenvolvendo novas experiências, descobrindo potencias ocultos, fazendo suas próprias escolhas e tomando decisões importantes.
Os PCNS tiveram uma importante contribuição no resgate do brincar no cotidiano dos centros de Educação Infantil, formando novos conceitos em relação ao lúdico na aprendizagem de maneira geral. (FRIEDMAN, 2003, p. 21)
O mesmo autor apresenta percepções gerais do panorama de maneira que o brincar tem sido aceito e praticado em varias regiões do país por diversos grupos de educadores, entre o período 2000 até a atualidade. No contato e conversa com alguns professores pode-se perceber o sentimento de amor pela profissão, buscando sempre dar o melhor de si, trabalhando com amor e dedicação desenvolvendo cada vez mais o lúdico na sala de aula.
Mas, ainda existem muitos desafios e barreiras a serem quebradas, e um longo caminho a ser percorrido para interiorizar os conceitos em relação ao lúdico como ato assistido e analisado pelos educadores e apresentado às crianças.
É importante lembrar que esta década foi de suma importância nos paradigmas e patamares onde houve transição e mudança, de novos parâmetros como grupos de um nível espetacular, onde as pessoas se encontram, para trocar experiências, tornando o ato de brincar em uma prática consciente e criativa. (SANTOS, 1998, p.57)
A principal atividade da infância é brincar, correspondendo a necessidade de meninas e meninos de olhar, tocar e satisfazer a curiosidade, descobrir, experimentar, conhecer, dominar e amar a vida, e buscar um mundo encantando, colorido e alegre cheio de fantasia. Diante das variedades de brinquedos as crianças podem explorar o imaginário fazendo novas descobertas, dominando suas emoções, tudo isso faz parte do seu mundo encantado, os adultos tem o dever de respeitar, buscando agir com sabedoria, acompanhar o desenvolvimento das crianças, sem fazer restrições porque somente através da experiência que vão ser formada sua identidade e autonomia diante das adversidades encontradas no decorrer de suas vidas.
É pelo símbolo encantado do faz de conta e suas expressões, podem-se reunir ou imaginar as coisas no irrealizável de sua plenitude. (MACEDO, 2003, p. 39)
O mundo encantado do faz de conta possibilita o imaginário das crianças, que gostam de brincar de faz de conta em suas casas, sozinho ou com amigos, desenvolvendo suas potencialidades múltiplas em seu mundo encantado. Através da brincadeira é que ela constrói sua vida de maneira que, repetem muitas vezes as mesmas coisas de acordo com sua vontade.

As brincadeiras de faz-de-conta são fundamentais ao desenvolvimento da criança e assimilam nova forma de expressar e simbolizar, ficando apenas no exercício da imaginação reprodutiva ou imitação representativa em que as crianças procuram superar seus limites dentro de suas possibilidades. (PIAGET, 1976, p. 19)

Diante de tantas informações lúdicas o aluno se torna mais participativo, tendo gosto pelo processo ensino aprendizagem e neste sentido ele é capaz de construir o seu conhecimento de maneira clara e precisa, levando-o a desenvolver tanto na linguagem escrita e oral, quanto nas ciências humanas e naturais.
Devem-se criar condições para que estas atividades significativas sejam realizadas. O importante é que os alunos trabalhem, buscando a interação uns com os outros, facilitando o auto desenvolvimento e promovendo o trabalho coletivo.

Os jogos, ultimamente, vêm ganhando espaço dentro das escolas, numa tentativa de trazer o lúdico para dentro da sala de aula. Acrescenta que a pretensão da maioria dos professores com a sua utilização é a de tornar as aulas mais agradáveis com o intuito de fazer com que a aprendizagem torne-se algo mais fascinante; além disso, as atividades lúdicas podem ser consideradas como uma estratégia que estimula o raciocínio, levando o aluno a enfrentar situações conflitantes relacionadas com o seu cotidiano. (LARA, 2004, p. 35)

A ação, durante o movimento do jogo, provoca espontaneidade. Isto causa estimulação suficiente para que o aluno transcenda a si mesmo. Ele é libertado para penetrar no ambiente, explorar, aventurar e enfrentar sem medo todos os perigos. (MACEDO, 2003, p. 43)
Dessa experiência integrada, surge o aluno ativo e participativo dentro de um ambiente total, e aparece o apoio e a confiança que permite a ele desenvolver qualquer habilidade necessária para a comunicação dentro do jogo.
O jogo na sala de aula pode ser um rico recurso de aprendizagem, explorado de maneiras diferenciadas de acordo com as situações e objetivos almejados, favorecendo os processos de ensino-aprendizagem..

Quando a criança ou o adolescente joga com regras, exercita todas as suas funções intelectuais mesmo que esta seja de natureza metafórica. Com o tempo a criança vai distinguindo os diferentes jogos e percebendo que alguns necessitam de um grande esforço e concentração, sem deixar de lado o caráter prazeroso da ação. (SANTOS, 1998, p.59)


O jogo assume um significado funcional em que a realidade é incorporada pela criança e transformada, de acordo com seus hábitos motores, com as necessidades do eu e em função das exigências do social.
Segundo Piaget (1998, p. 16) o jogo é essencial na vida da criança, constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade e classificou-os em: jogos de exercícios de zero a 2anos; jogos de símbolos de 2 a 7anos; e jogos de regras a partir dos 7anos.
Para Vygotsky (1998, p. 21), diferentemente de Piaget, o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo. Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem a regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na solução de problemas.  Desta maneira, aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou não.
Afirma que as maiores aquisições de uma criança são conseguidas através do ludico no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu  nível básico de ação real  e moralidade. Para Piaget (1998, p. 19) a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa.
Na visão interacionista de Vygotsky, a brincadeira, o jogo, é uma atividade específica da infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Essa é uma atividade social, com contexto cultural e social.
As brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra, desta forma, pode-se perceber a importância do professor conhecer a teoria de Vygotsky.
Segundo Teles (1999, p. 32) brincar se coloca num patamar importantíssimo para a felicidade e realização da criança, no presente e no futuro. Brincando, ela explora o mundo, constrói o seu saber, aprende a respeitar o outro, desenvolve o sentimento de grupo, ativa a imaginação e se auto realiza. Brincar é um momento de auto expressão e auto realização. As atividades livres com blocos e peças de encaixe, as dramatizações, a música e as construções desenvolvem a criatividade, pois exige que a fantasia entre em jogo. Já o brinquedo organizado, como os jogos, quebra-cabeça, dominó e outros, constituem um desafio que promove a motivação e facilita escolhas e decisões à criança.
Fortuna (2003, p. 20) em estudos realizados sobre aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma “pré-história”, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da atividade lúdica. Segundo a autora, o jogo tem mudado muito no decorrer do século. É necessário resgatar os jogos tradicionais, aqueles transmitidos de forma expressiva de uma geração a outra, fora das instituições oficiais, nas ruas, nos parques, nas praças e outros locais. Jogos que são incorporados pela criança de forma espontânea, variando as regras de uma cultura a outra, mudando a forma, mas não o conteúdo do jogo tradicional.
A mesma autora acrescenta ainda que é fundamental que o professor tenha conhecimento do saber que a criança construiu na interação com o ambiente familiar e sociocultural, para formular sua proposta pedagógica.
Mas afinal qual a importância do jogo e o que esperamos quando usamos os jogos no processo educacional formal em sala de aula?
O jogo é muito importante porque promove a aprendizagem, seja ela informal ou formal. O jogo, o brincar e a brincadeira acontecem dentro e fora da escola.
A supervisão escolar orienta que, quando propomos um jogo , além dos objetivos cognitivos a serem alcançados, de acordo com SANTOS, (1998, p. 49) espera-se que as crianças sejam capazes de:

Respeitar limites – desenvolver hábitos atitudes, respeitar o outro, melhorar o comportamento social, trabalhar a competição como parte e não como essência do jogo (saber perder e ganhar);

Socializar – aprender a viver e conviver em sociedade, criando vínculos verdadeiros com os colegas, ampliando o sentimento de grupo, gerando um ambiente de colaboração e cooperação, promovendo relações de confiança entre todos os aprendentes;

Criar e explorar a criatividade – o jogo proporciona o desenvolvimento do pensamento criativo e do pensamento divergente, gerados pela criatividade, e desse modo nossos alunos podem inovar e descobrir formas para se relacionarem com a aprendizagem;

Interagir – criar uma real interação envolvendo o sujeito e o objeto de aprendizagem, de forma alegre e lúdica, gerando vetores em todos os sentidos;

Aprender a pesquisar (aprender a aprender) – desenvolver nos aprendentes o gosto pela busca, pela iniciativa e pela tomada de decisões.

A palavra jogo é de origem latina, significando “gracejo”. Daí a importância da alegria na ação de jogar!

Devemos falar de jogos que atribuam um estímulo ao crescimento, ao desenvolvimento cognitivo, aos desafios ao viver, não de jogos que prormovam a competição entre pessoas, que levam somente a derrota vitória. Todo jogo pode ser usado para muitas crianças, mas sobre a inteligência será sempre pessoal e impossível de ser generalizada. (CARVALHO, 2003, p. 42)
Como se pode observar, o jogo ajuda no desenvolvimento infantil e é um fator decisivo na aprendizagem de forma geral. O supervisor orienta ainda que, para garantir maior interação envolvendo o professor e o aluno, fundamento para a conquista d objetos educacionais na educação escolar, infantil e fundamental, deve o professor trabalhar com as atividades lúdicas e os jogos como algo importante para alcançarem seus objetivos de aprendizagem.


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O jogo deve ter sempre um caráter desafiador para o educando, acompanhado de um planejamento educacional, bem elaborado que consiga unir a teoria com a pratica com objetivos propostos pelo educador, pois o jogo por si só não permitirá o desenvolvimento e a aprendizagem, mas sim a ação de jogar é que desenvolve a compreensão. Mas também no lúdico é importante que o aluno seja percebido como ele é, mesmo apresentando dificuldades, e que o programa de atividades esteja voltado para atender suas necessidades. A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.
O supervisor escolar em parceria com o professor regente se torna capaz de desafiar o aluno para um mundo mágico, capaz de levar o aluno ao mundo da imaginação e transformando essa prática num aprendizado constante. Os alunos quando deparam com uma aula prática com muitos jogos e brincadeiras ele participa das atividades propostas com prazer e determinação, tendo um bom desempenho e melhor aprendizado, pois a teoria e a pratica precisam estar sempre juntas. Através do lúdico o aprendizado é feito continuamente e vai aos poucos se transformando em um saber definitivo.
No processo da educação o papel do professor é de suma importância, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento.
Comprovou-se também a importância do lúdico em sala de aula, como suporte importantíssimo para que o professor possa ter sucesso em sua pratica pedagógica, levando o aluno a sentir prazer e gosto pelo ato de aprender através de jogos e brincadeiras, como ferramenta facilitadora da aprendizagem; embora não seja um recurso amplamente utilizado nas atividades rotineiras da escola, devido a falta de incentivo por parte dos governantes e algumas vezes por rejeição dos educadores, que estão acostumados ao tradicional, tendo dificuldades de inserir em sua proposta pedagógica o lúdico como ponto de partida para elaboração de sua pratica pedagógica..
Para finalizar, é importante ressaltar como as observações do supervisor escolar favoreceram na construção deste artigo, uma vez que contribuíram para o conhecimento do cotidiano da sala de aula, percebendo que quando o educador trabalha com o lúdico, levando o aluno a construir o seu conhecimento através de sua vivencia, levando e oportunizaram melhor aproximação entre a teoria e prática.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

CARVALHO, A. M. C. et al. (Org). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. Vol. 1 e 2. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
CUNHA, Nylse Helena da Silva. Brinquedo, desafio e descoberta: subsídios para utilização e confecção de brinquedos. Rio de janeiro: FAE, 1998.
FORTUNA, Tânia Ramos. Papel do Brincar: aspectos relevantes a considerar no trabalho lúdico. Revista do Professor, Porto alegre, n.18, jul./set. 2002.
FRIEDMANN, A. O papel do brincar na cultura contemporânea. Revista Pátio Educação Infantil. Ed. Artmed.- Porto Alegre. Ano I, n.3, dez. 2003/mar. 2004.
LARA, Isabel Cristina Machado de. Jogando com a Matemática de 5ª a 8ª série. São Paulo: Rêspel, 2004.
MACEDO, L. de, Faz-de-conta na escola: A importância do brincar. Revista Pátio Educação Infantil. Ed. Artmed.- Porto Alegre. Ano I, n.3, dez. 2003/mar. 2004.
PIAGET, Jean. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1976.
SANTOS, Cassio Miranda dos. Levando o jogo a sério. Presença Pedagógica v.4 n º 23, p.51-57, set / out 1998.
TELES , Maria Luiza Silveira. Socorro! É proibido brincar! Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
VIGOTSKY, L. - A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1998.

1 Pós-Graduanda em Supervisão, Orientação e Inspeção Escolar. Instituto Superior Tupy.conceicaopositivo@hotmail.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário